Margareth Eleanor Atwood é uma escritora e
critica literária canadense internacionalmente conhecida, tendo recebido inúmeros
prêmios por seus livros. Nascida em Otawa e filha de um Entomologista, passou
boa parte da sua infância próxima de florestas tendo estudado somente na oitava
série, onde era uma voraz leitora dos irmãos Grimm e de livros de mistério.
Margareth Atwood. |
Atwood lecionou língua e literatura inglesa em várias
universidades da Inglaterra. Além disso recebeu diplomas Honoris Causa de
varias universidades como a Sorbonne na França e a de Oxford na Inglaterra.
A autora tem em “O conto da Aia” seu maior
sucesso literário que lhe garantiu três prêmios de ficção cientifica. Embora a
própria autora não considere seu livro uma ficção cientifica.
Ela é considerada uma das maiores autoras Canadenses
da atualidade, tendo sido chamada para iniciar um projeto Norueguês chamado “Future
Library” onde 100 grandes autores vão escrever um livro por ano até o
lançamento do projeto em 2114. Atwood escreveu o primeiro livro em 2014 do qual
só sabemos o nome “Scribbler Moon”.
O Conto da Aia foi escrito em 1985 e até hoje nunca deixou de ser publicado. É considerado para a maioria dos críticos uma Ficção cientifica, porém a autora o coloca como uma ficção especulativa, na qual descreve um mundo ficcional, porém possível de acontecer. O livro foi banido em alguns momentos, mas virou filme, opera e atualmente é uma serie premiada no Streaming.
O livro retrata a história de uma república
cristã militar. Onde em um futuro próximo um atentado terrorista matou o
presidente e todo o congresso estado-unidense. Um grupo fundamentalista cristão
chamado “Os filhos de Jacó” tomou partido desse golpe e suspendeu a constituição
iniciando uma “restauração e ordem”. O grupo rapidamente criou um Estado totalitário,
militar e hierárquico fundamentado em um fanatismo religioso ligado ao antigo
testamento cristão. Dentro desse regime os direitos humanos são severamente
limitados e os das mulheres são ainda mais restritos.
O livro é o relato de uma mulher que pertence a
uma classe de mulheres denominadas “aias”. Essas mulheres conseguem ter filhos
em um mundo onde a grande maioria da população é estéril e por isso são brutalmente
subjugadas pela classe dominante, doutrinadas para serem propriedades de seus “comandantes”
e depois dar seus filhos para serem criados pela família do “comandante”.
A “aia” relata a sua vida ao chegar à casa de seu
terceiro serviço. Através de memorias, relata sua vida antes e pós golpe. A forma
como a elite politica orquestro o golpe e foi aos poucos retirando os direitos
das pessoas. E as diferentes formas de vida das mulheres dentro do regime.
No final do livro vemos um historiador em um futuro
um pouco mais a frente analisando o relato da “aia” e tentando compreender como
a sociedade se tornou daquela forma e como as coisas se transformaram em tão
pouco tempo.
Atwood extrapola uma sociedade que nós já
conhecemos.
Uma sociedade onde muitas pessoas são vistas
como posses e possuem funções especificas e hierárquicas representadas por suas
classes sociais e gênero. Dentro desse sistema rígido poucos possuem real liberdade
para tentar fugir dessa lógica. Os poucos que possuem o fazem através de
pequenas atitudes que os dão uma pequena parcela de vida.
Uma dessas formas de luta também se da através da figura da “tia”. As “tias” sendo mulheres idosas e já estéreis para não
serem descartadas acabam por doutrinar as mais jovens para serem “posses” e
obedecer. Essa figura se aproxima da figura real do “capitão do mato” que como
negro, cassa outros negros para o branco. Uma figura hipócrita e covarde em sua
origem, que cassa os seus para entregar ao dominante.
Já dizia o filosofo não existe dominante sem a
ajuda do dominado. A nossa sociedade de hoje está repleta desse tipo de pessoa.
Nós comumente os vemos nas redes sociais e na grande mídia.
Além disso o livro critica o egocentrismo e o
narcisismo dos homens da elite que culpam as mulheres por falhas que são deles.
Desde o inicio da narrativa notamos como a falha não está na “aia”, mas sim no “comandante”.
Fato esse que se comprova ao final do livro.
Porém a “aia” acaba por tomar a culpa. Fato
esse que vemos na nossa sociedade hoje, onde as classes de baixo sempre tomam a
culpa, sendo que a falha da sociedade está principalmente na classe dominante.
Um país como o nosso por exemplo nem possui uma
elite intelectual. Possuí somente uma elite financeira muito fraca
intelectualmente e conceitualmente.
Digno de citação também vemos a autora trazendo
no epilogo aquilo que nós chamamos de História dos perdedores. Mostrando como a
História pode também pensar as pessoas comuns e simples da sociedade para através
delas criar um quadro social do mundo em sua época. Não somente utilizando as
pessoas “extraordinárias” como por muitos anos a ciência histórica o fez.
O Conto da Aia é um livro que nunca sai da prateleira
por conter uma critica que nunca sai da moda.
Uma crítica a uma sociedade que nunca muda de
verdade.
A uma sociedade que continua a ser injusta e
com valores cada vez mais invertidos.
A autora realmente tem razão é uma ficção
especulativa e eu diria que não é futurista.
Estamos vendo isso acontecer no presente.
Referências:
https://rocco.com.br/produto/o-conto-da-aia/
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Handmaid%27s_Tale
https://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Atwood
Referências das imagens:
https://lulunettes.wordpress.com/2015/10/03/livro-o-conto-da-aia-margaret-atwood/
https://www.britannica.com/biography/Margaret-Atwood
https://painel.play.uol.com.br/series/2195-o-conto-da-aia
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/o-que-e-totalitarismo
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