O Conto da Aia

 


Margareth Eleanor Atwood é uma escritora e critica literária canadense internacionalmente conhecida, tendo recebido inúmeros prêmios por seus livros. Nascida em Otawa e filha de um Entomologista, passou boa parte da sua infância próxima de florestas tendo estudado somente na oitava série, onde era uma voraz leitora dos irmãos Grimm e de livros de mistério.

Margareth Atwood.
Se decidiu por ser escritora aos 16 anos. Aos 18 chegava ao Victoria College, na Universidade de Toronto onde estudaria Artes e Inglês e publicaria seus primeiros poemas no jornal da universidade. Em 1961 ganharia sua primeira medalha por seu livro de poemas. Tornou-se mestra pela Radclife College de Harvard em 1962, onde continuaria seus estudos em pós-graduação até abandona-los antes de terminar sua dissertação.

Atwood lecionou língua e literatura inglesa em várias universidades da Inglaterra. Além disso recebeu diplomas Honoris Causa de varias universidades como a Sorbonne na França e a de Oxford na Inglaterra.

A autora tem em “O conto da Aia” seu maior sucesso literário que lhe garantiu três prêmios de ficção cientifica. Embora a própria autora não considere seu livro uma ficção cientifica.

Ela é considerada uma das maiores autoras Canadenses da atualidade, tendo sido chamada para iniciar um projeto Norueguês chamado “Future Library” onde 100 grandes autores vão escrever um livro por ano até o lançamento do projeto em 2114. Atwood escreveu o primeiro livro em 2014 do qual só sabemos o nome “Scribbler Moon”.

O Conto da Aia foi escrito em 1985 e até hoje nunca deixou de ser publicado. É considerado para a maioria dos críticos uma Ficção cientifica, porém a autora o coloca como uma ficção especulativa, na qual descreve um mundo ficcional, porém possível de acontecer. O livro foi banido em alguns momentos, mas virou filme, opera e atualmente é uma serie premiada no Streaming.

Capa da serie atual.
 

O livro retrata a história de uma república cristã militar. Onde em um futuro próximo um atentado terrorista matou o presidente e todo o congresso estado-unidense. Um grupo fundamentalista cristão chamado “Os filhos de Jacó” tomou partido desse golpe e suspendeu a constituição iniciando uma “restauração e ordem”. O grupo rapidamente criou um Estado totalitário, militar e hierárquico fundamentado em um fanatismo religioso ligado ao antigo testamento cristão. Dentro desse regime os direitos humanos são severamente limitados e os das mulheres são ainda mais restritos.

O livro é o relato de uma mulher que pertence a uma classe de mulheres denominadas “aias”. Essas mulheres conseguem ter filhos em um mundo onde a grande maioria da população é estéril e por isso são brutalmente subjugadas pela classe dominante, doutrinadas para serem propriedades de seus “comandantes” e depois dar seus filhos para serem criados pela família do “comandante”.

A “aia” relata a sua vida ao chegar à casa de seu terceiro serviço. Através de memorias, relata sua vida antes e pós golpe. A forma como a elite politica orquestro o golpe e foi aos poucos retirando os direitos das pessoas. E as diferentes formas de vida das mulheres dentro do regime.

No final do livro vemos um historiador em um futuro um pouco mais a frente analisando o relato da “aia” e tentando compreender como a sociedade se tornou daquela forma e como as coisas se transformaram em tão pouco tempo.

Atwood extrapola uma sociedade que nós já conhecemos.

Uma sociedade onde muitas pessoas são vistas como posses e possuem funções especificas e hierárquicas representadas por suas classes sociais e gênero. Dentro desse sistema rígido poucos possuem real liberdade para tentar fugir dessa lógica. Os poucos que possuem o fazem através de pequenas atitudes que os dão uma pequena parcela de vida.

A autora nos coloca frente a injustiça e a inversão de valores da elite do governo. Que utiliza de seu poder para formular um sistema doutrinário que funciona somente para uma parcela muito pequena da população e exclui a grande maioria dela. Para a grande maioria sobra somente as opções de servir ou tentar lutar em uma batalha insana que nem de longe melhora a vida dessas mulheres.

Uma dessas formas de luta também se da através da figura da “tia”. As “tias” sendo mulheres idosas e já estéreis para não serem descartadas acabam por doutrinar as mais jovens para serem “posses” e obedecer. Essa figura se aproxima da figura real do “capitão do mato” que como negro, cassa outros negros para o branco. Uma figura hipócrita e covarde em sua origem, que cassa os seus para entregar ao dominante.

Já dizia o filosofo não existe dominante sem a ajuda do dominado. A nossa sociedade de hoje está repleta desse tipo de pessoa. Nós comumente os vemos nas redes sociais e na grande mídia.

Além disso o livro critica o egocentrismo e o narcisismo dos homens da elite que culpam as mulheres por falhas que são deles. Desde o inicio da narrativa notamos como a falha não está na “aia”, mas sim no “comandante”. Fato esse que se comprova ao final do livro.

Porém a “aia” acaba por tomar a culpa. Fato esse que vemos na nossa sociedade hoje, onde as classes de baixo sempre tomam a culpa, sendo que a falha da sociedade está principalmente na classe dominante.

Um país como o nosso por exemplo nem possui uma elite intelectual. Possuí somente uma elite financeira muito fraca intelectualmente e conceitualmente.

Digno de citação também vemos a autora trazendo no epilogo aquilo que nós chamamos de História dos perdedores. Mostrando como a História pode também pensar as pessoas comuns e simples da sociedade para através delas criar um quadro social do mundo em sua época. Não somente utilizando as pessoas “extraordinárias” como por muitos anos a ciência histórica o fez.

O Conto da Aia é um livro que nunca sai da prateleira por conter uma critica que nunca sai da moda.

Uma crítica a uma sociedade que nunca muda de verdade.

A uma sociedade que continua a ser injusta e com valores cada vez mais invertidos.

A autora realmente tem razão é uma ficção especulativa e eu diria que não é futurista.

Estamos vendo isso acontecer no presente.

 

Referências:

https://rocco.com.br/produto/o-conto-da-aia/

https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Handmaid%27s_Tale

https://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Atwood

 

Referências das imagens:

https://lulunettes.wordpress.com/2015/10/03/livro-o-conto-da-aia-margaret-atwood/

https://www.britannica.com/biography/Margaret-Atwood

https://painel.play.uol.com.br/series/2195-o-conto-da-aia

https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/o-que-e-totalitarismo


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